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Interior

21 Dez 2021

Cultivo de Canábis em Interior Técnica ScrOG e 5 Dicas de Cultivo

, fotos por Sweet Seeds

No mundo do auto-cultivo de canábis existem várias técnicas que se ajustam ao gosto e necessidade de cada cultivador, permitindo maximizar a qualidade e produção nos seus cultivos. Neste artigo, vamos começar por abordar uma dessas técnicas (o cultivo de canábis em ScrOG), para em seguida partilhar convosco aqueles que são, a nosso ver, os 5 conselhos mais importantes para quem se inicia no cultivo em interior.

 

O termo ScrOG significa “Screen Of Green”, o que em português se pode traduzir como “Rede De Verde”. Esta técnica é uma das que permite “horizontalizar” o nosso cultivo, desde logo com a grande vantagem de ter todas as flores ao mesmo nível e, por conseguinte, à mesma distância da lâmpada, recebendo todas a mesma quantidade de lúmenes. Sim, porque a técnica “ScrOG” é normalmente utilizada nos cultivos em interior. Em exterior, a utilização de redes também pressupõe algumas vantagens, mas a forma como as mesmas são utilizadas é muito diferente, já que o sol, ao contrário da luz artificial, move-se durante o dia, incidindo tanto nas laterais como no topo das plantas. Em interior, com o foco de luz fixo num único ponto, torna-se mais importante conseguir posicionar horizontalmente o máximo de flores possível.

 

Uma rede, instalada horizontalmente, permite-nos colocar os ramos superiores (ou os que mais se esticam) por baixo da rede, impedindo-os de crescer em altura, por forma a que os ramos inferiores das plantas possam alcançá-los e posicionar-se ao seu lado. Ao mesmo tempo que fazemos este exercício, muito interessante e prazenteiro por sinal, conseguimos também preencher toda a rede, de forma a que de cada “buraco” possa emergir uma flor. Este exercício pressupõe, portanto, vantagens importantes para o cultivador, tais como melhor distribuição e aproveitamento de luz, maior produção por planta e, eventualmente, maior produção por metro quadrado, melhor circulação de ar e melhor distribuição do espaço de cultivo.

 

Uma melhor distribuição do espaço de cultivo através da técnica ScrOG permite, por sua vez, uma redução no número de plantas cultivadas, sem qualquer compromisso na produção total. Num ScrOG bem efectuado, tudo aquilo que fica abaixo da rede não vai receber luz, em função da alta densidade de vegetação junto à rede, o que por sua vez vai fazer com que possamos “limpar” todos os ramos e folhas que fiquem abaixo da rede, permitindo assim uma melhor circulação de ar em toda essa zona. Isto permite igualmente melhor acesso aos vasos, facilitando a rega, bem como uma zona inferior de cultivo mais arejada, beneficiando o ciclo “seco-molhado-seco” no substrato, bem como uma melhor oxigenação das raízes.

 

Para cultivar em ScrOG devemos colocar uma estrutura com rede, uns 20 ou 30 centímetros acima das plantas, quando estas tiverem duas a três semanas de vida. Sempre mantendo o fotoperíodo de vegetativo (18/6, por exemplo), mudando para fotoperíodo de floração (12/12) apenas quando calcularmos que conseguiremos ter a rede totalmente preenchida dentro de uns 10 a 15 dias. Cada vez que um rebento passa a rede em 5 cm, é o momento de puxá-lo para baixo da rede novamente. Para cultivos em ScrOG as variedades mais aconselhadas são as maioritariamente Sativas, mas alguns híbridos Indica-Sativa (50%-50%) também podem dar muito bons resultados. A técnica ScrOG pode ser complementada com outras técnicas, como a poda FIM, mas isso é facultativo. 

 

As únicas desvantagens do cultivo em ScrOG são o tempo de ciclo de vida das plantas, que aumenta inevitavelmente, pois o período de vegetativo tem que ser prolongado até termos a rede preenchida, bem como a impossibilidade de mover as plantas, que ficam “fixas” entre os vasos e a estrutura da rede. Isto pode ser especialmente problemático se surgirem pragas, uma vez que o cultivador ficará extremamente limitado no momento de as combater. 

 

Há quem use redes “descartáveis” e opte por retirá-las a meio da floração, assumindo que as plantas já têm a estrutura definida e que a vão manter até à colheita mesmo na ausência da rede. Esta prática pode ser algo arriscada, uma vez que as flores estão apoiadas na estrutura da rede e, se forem muito pesadas, os ramos podem não aguentar com o seu peso e acabar por ceder. No final, se bem executada e sem percalços de maior, a técnica ScrOG permite uma maior produção por metro quadrado e um cenário visualmente muito interessante, com uma canópia nivelada e frondosa.



 

Os 5 Elementos

 

Deixamo-vos com os 5 principais conselhos da equipa do fórum Tricomaria.com para um cultivo em interior com sucesso.


 

1 - Água

 

Regar com quantidades de água adaptadas a cada etapa do cultivo é o passo mais importante para um cultivo em interior sem sobressaltos. É muito comum observar nos cultivadores principiantes uma propensão para utilizar mais água do que o necessário. Isto é principalmente preocupante nas primeiras etapas do cultivo, logo no pós-germinação, uma vez que o sistema radicular da planta está ainda muito pouco desenvolvido e não tem capacidade para lidar com um meio excessivamente húmido ou encharcado.

 

No nosso fórum, www.tricomaria.com, ao longo dos anos temos assistido a muitas situações deste tipo, em que cultivadores principiantes utilizam o fórum para perceber o que se passa com as suas plantas, que teimam em não se desenvolver. Num grande número de casos, o diagnóstico é imediato. Basta um simples olhar para duas ou três fotografias que permitam apreciar o substrato e, claro, questionar o cultivador acerca das suas rotinas de rega.

 

Por exemplo, se começamos com vasos de 500 ml, nos primeiros 5 dias vamos apenas humedecer a camada superior do substrato (superfície) e deixar escorrer algumas gotas de água junto ao caule da planta. Entre o 5º e o 12º dia, já podemos utilizar um pouco mais de água, uma vez que as raízes já estão um pouco mais desenvolvidas. Ainda assim, talvez uns 50 ml por rega sejam suficientes. 

 

Agora, imagine-se que alguém rega com 200 ml logo nos primeiros dias. Todo o vaso fica saturado; a planta não tem capacidade para processar toda a água disponível, o substrato demora demasiados dias a secar, a planta não recebe oxigénio suficiente nas suas raízes durante vários dias seguidos e a consequência é um bloqueio no desenvolvimento da planta. Não significa que a planta morra, antes pelo contrário, geralmente resiste, mas praticamente não se desenvolve. 

 

No caso das variedades autoflorescentes (ver nº1 da Cannadouro Magazine) isto é ainda mais preocupante, uma vez que à volta da 4ª semana de vida a planta começa a florescer, independentemente do fotoperíodo a que está sujeita. Ficamos com uma planta “anã”, que apenas produz uma flor, geralmente pequena, uma vez que começou a florir com uma estrutura muito pouco desenvolvida.

 

No caso das variedades fotodependentes, ao caber ao cultivador a decisão do momento do início da floração, existe margem para esperar que a planta se desenvolva até atingir a estrutura e dimensão desejadas. Mas se podemos chegar a esse ponto muito mais rapidamente, tanto melhor, e para isso uma rega adequada é essencial. Qualquer cultivador deve habituar-se, tão cedo quanto possível, a “tomar o peso do vaso”, ganhando noção do peso que este apresenta quando o substrato está seco por comparação com o seu peso quando este está húmido.

 

Desta forma, devemos ir aumentando a quantidade de água progressivamente e apenas regar de modo a deixar todo o substrato húmido, quando sabemos que as raízes já “colonizaram” toda a área disponível e estão prontas para tirar partido de quantidades de água abundantes. Assim, garantimos que, em pouco tempo, o substrato voltará a estar seco e podemos ter ciclos “seco-molhado-seco” mais curtos, o que favorece a oxigenação das raízes e é fundamental para que a planta possa estar saudável.


 

2 - Ar

 

No cultivo de canábis em interior é importantíssimo proporcionar às plantas condições semelhantes àquelas que estas encontram no exterior. Desde logo, nas primeiras semanas de vida das plantas, é importante que as plantas tenham que lidar com vento, que as obrigue a desenvolver talos mais grossos, flexíveis e resistentes, o que mais tarde será essencial para suster flores de bom calibre. Em interior isto consegue-se com uma boa ventoinha. Ou várias.

 

Mas, mais importante ainda, é a renovação de ar. Um extractor de qualidade, como os conhecidos RVK, VK, entre outros, permite uma adequada extracção de ar. Esta extracção de ar leva a uma consequente renovação de ar, passiva, que pode ser activa através da utilização de outro extractor. Idealmente, o tubo deve estar posicionado para extrair o ar para o exterior (rua), principalmente nos meses mais quentes do ano.


 

3 - Luz

 

Para conseguirmos uma boa produção, mas também um produto de qualidade, a quantidade de lúmenes que chegam às flores e folhas é determinante. Na nossa tarefa de substituir o sol, podemos optar pelas clássicas lâmpadas de alta pressão de sódio ou HPS (High Pressure Sodium), pelas mais recentes LEC (Light Emitting Ceramic), iluminação fluorescente ou CFL, mas também pela moderna tecnologia de LED’s.

 

Seja qual for a nossa opção, é muito importante assegurar que as plantas recebem o máximo de lúmenes possível. Como todas elas geram calor, principalmente as HPS, devemos procurar determinar qual a distância mais próxima possível entre a lâmpada e os topos das plantas sem que estas se queimem, de modo a maximizar a quantidade de lúmenes que chegam às nossas plantas.

 

Todos os centímetros contam. A maior proximidade, a quantidade de lúmenes aumenta de forma exponencial. Isto é observável com um medidor de lúmenes, vulgarmente conhecidos como luxímetros, mas também podemos conseguir perceber as variações de luz através de um simples processo. Se colocarmos a nossa mão, com a palma virada para cima, imediatamente por baixo da lâmpada e a formos afastando progressivamente, podemos observar como, consoante a distância aumenta, menos iluminada está a nossa mão. 

 

E a certo ponto, uns meros 5 ou 10 cm fazem uma diferença enorme, chegando a representar um decréscimo de lúmenes superior a 50%. Podemos também usar este mesmo gesto para determinar a distância de segurança. Ou seja, se o calor gerado pela lâmpada se sente na nossa mão, também se irá fazer sentir na planta, podendo até queimá-la. Se assim for, devemos aumentar a distância entre a lâmpada e as plantas, até um ponto em que conseguimos manter a mão sem sentir qualquer calor ou desconforto térmico.


 

4 - Terra

 

A escolha do substrato (e aqui não abordamos os cultivos sem solo, em hidroponia) é também um factor importantíssimo para qualquer cultivo em interior com êxito. Mas a quantidade de substrato também é determinante, principalmente no que à produção final diz respeito. Como já referimos anteriormente, a quantidade de substrato utilizada está proporcionalmente relacionada com a quantidade e tamanho dos frascos que vamos ter no final do nosso cultivo, cheios de apetitosos cabeços.

 

Assim, se cultivamos um metro quadrado, vamos procurar usar tanta “terra” quanto nos seja possível. Se cabem, por exemplo, 9 vasos de 11 litros, mas também cabem 9 vasos de 18 litros, teremos toda a vantagem em utilizar os vasos de 18 litros. Não é que a diferença na produtividade final seja na relação de 18 para 11, mas conseguiremos facilmente mais 10 ou 20% de produção.

 

Ao escolher o substrato, a primeira recomendação que habitualmente fazemos é a de comprar sempre em growshops. Ou seja, substratos especialmente desenvolvidos para o cultivo de canábis. Sim, há quem tenha a capacidade de produzir o seu próprio substrato, mas se não temos tal experiência, é preferível ir pelo caminho mais seguro e comprar uma mistura de uma qualquer marca conhecida. 

 

O substrato deve ser leve e arejado. Devemos avaliar estas características sentindo-o nas nossas mãos. Se por casualidade vier compactado, no momento em que o colocamos nos vasos devemos mexer-lhe com as mãos para o “soltar”. Nunca é demais adicionar-lhe perlite, em quantidades de até 15% do total do conteúdo. No fundo do vaso, podemos colocar bolas de argila expandida, para facilitar a drenagem.

 

Para o vegetativo podemos enriquecer a mistura com húmus de minhoca, até 10% do total do conteúdo. Para a floração podemos usar guano de morcego em pó, uma colher de sopa bem cheia para cada 5 litros de terra. Um substrato rico em nutrientes permite-nos não usar fertilizantes líquidos até 5 semanas após o transplante. E como na utilização de fertilizantes líquidos se podem cometer muitos erros, evitamos correr esse risco durante uma boa parte do ciclo de vida das plantas.


 

5 - Amor

 

Amor e respeito. Devemos saber amar e respeitar as plantas. Muitas vezes, é preferível intervir o mínimo possível. Muitos cultivos correm mal por excesso de atenção. É muito pior pecar por excesso que por escassez. Se as plantas demonstrarem carências de nutrientes, por exemplo, é mais fácil corrigir essas carências que eventuais excessos. Se não temos a certeza se as plantas vão conseguir lidar com determinadas doses de fertilizantes, é preferível usar uma dose baixa e ir aumentando progressivamente. No final de contas, se soubermos tratar as nossas plantas como um ser querido, com o devido respeito e os cuidados adequados, elas retribuirão no final com muito amor, sabores deliciosos e efeitos sagrados.

 



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