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Exterior

21 Jun 2021

Cultivo de Canábis em Outdoor Guerrilha, jardim privado ou varanda?

, fotos por Sweet Seeds

Na primeira edição da nossa CannaDouro Magazine abordámos aquela que é a primeira etapa de qualquer cultivo de canábis: a escolha da genética, o tipo de sementes e o método de germinação. Nesta segunda edição, em plena temporada de cultivo em exterior, fazemos um interregno para falar-vos um pouco acerca dos diferentes tipos de cultivo de canábis em outdoor. 

 

Como sabemos, a planta de canábis tem o seu habitat natural no exterior, em plena natureza. É nesse ambiente que esta maravilhosa planta alcança o seu máximo potencial e nos mostra todo o seu esplendor de uma forma, pelo menos, mais económica. Acreditamos que o seu historial relativamente ao cultivo em interior com luz artificial, amplamente praticado nas últimas décadas, se deveu principalmente à legislação retrógrada de que a planta foi alvo na sua história recente. Estas leis profundamente desajustadas e injustas, cuja correcção parece finalmente estar a tomar forma, além de levarem a planta de canábis para espaços interiores, mais protegidas de olhares curiosos e eventualmente mal intencionados, limitaram também de forma bastante significativa a forma como a planta é cultivada em exterior.

 

Assim, este artigo acaba por estar condicionado por esta realidade. Houvesse liberdade para cultivar esta linda planta sem o risco de incursão em problemas legais ou outras penalizações e o foco deste artigo seria significativamente diferente. Logo, vamos abordar o cultivo de canábis em exterior visando conjugar aquilo que são os parâmetros ideais para o cultivo da planta com a importância de um cultivo tão discreto quanto possível.


 

Cultivo em Guerrilha

 

Tal como o nome deixa adivinhar, o cultivo em guerrilha obriga-nos a uma vocação de guerrilheiro. A disponibilidade física e o espírito de aventura, são essenciais para uma guerrilha com boas probabilidades de sucesso. Este método de cultivo é mais aconselhado para quem reside fora das grandes cidades e centros urbanos. É importante que a distância entre o local de residência e o local escolhido para cultivar seja tão curta quanto possível. Isto vai-nos permitir um gasto de tempo e dinheiro inferior, o que por si só tende a permitir que as plantas disponham de mais atenção da nossa parte.

 

Além da distância, o local deve ser escolhido tendo em atenção outras particularidades de suma importância, tal como por exemplo a dificuldade em chegar a esse local. E, neste caso, quanto mais difícil, melhor. Temos que ter em conta que é extremamente importante que durante os meses de cultivo (geralmente entre Maio e Outubro) a probabilidade de alguém por casualidade passar nesse local seja tão reduzida quanto possível. 

 

Há que ponderar bem neste ponto, pois dele depende a nossa tranquilidade durante os meses vindouros. Se soubermos que as nossas plantas crescem e florescem num local de muito difícil acesso e sem particular interesse, poderemos estar mais tranquilos. Isto pode conseguir-se de várias formas. Quer por uma questão de distância relativamente aos acessos (lugares em que a estrada mais próxima fique bastante distante), quer por uma questão de dificuldade de acesso. Se for necessário contornar obstáculos, lidar com acentuados declives/aclives ou rastejar por baixo de arbustos para chegar a ao local escolhido, sabemos à partida que dificilmente outras pessoas vão passar nesse local durante os 3 a 6 meses que nos separam da tão desejada colheita. 

 

É também importante que exista possibilidade de abastecimento de água nas proximidades (rio, ribeira, lago, fonte, etc), a menos que para chegar ao local o trajecto a pé seja curto. Se conseguirmos um local discreto mas, ainda assim, próximo de uma estrada onde nos seja possível chegar de carro, a proximidade a um local com água será menos importante.

 

Uma vez encontrado o local ideal, é importante determinar se a terra existente é minimamente arável. Se não o for (e não o é na grande maioria dos casos), é fundamental que por cada planta se escave um buraco que em seguida será preenchido com um substrato adequado ao cultivo de canábis. O tamanho do buraco depende do tipo de planta que vamos cultivar (autoflorescente ou fotodependente) e do tempo estimado de vegetativo. Assim, para uma planta autoflorescente, bastará um buraco capaz de acomodar cerca de 20-30 litros de substrato. Para uma planta fotodependente plantada em Abril, justifica-se a utilização de 50-100 litros de substrato, ao passo que para uma planta fotodependente plantada em Junho, bastará com cerca de 30-50 litros de substrato. 

 

No cultivo em guerrilha, uma planta que beneficie de uma exposição solar privilegiada, com tantas horas de sol direto nas suas flores quanto possível, produzirá mais. Porém, esta exposição solar privilegiada, obrigará a regas mais frequentes, pelo que é importante ponderar bem no momento de decidir colocar as plantas totalmente expostas ao sol ou à sombra de árvores. O ideal seria conseguir uma exposição solar óptima na parte superior da planta, mas com sombra na zona inferior, de modo que o sol não incida na terra durante muitas horas para que as raízes não aqueçam demasiado, prevenindo-se assim o seu dano por calor ou desidratação.

 

Relativamente à rega das nossas plantas de guerrilha, existem formas alternativas para conseguir que as plantas se mantenham hidratadas mesmo quando não conseguimos ir visitá-las com a frequência desejada. Não temos espaço para abordar estes métodos alternativos, pelo que para mais informações aconselhamos uma pesquisa no Google por “Irrigação por capilaridade”. Será também importante visitar mais vezes as plantas no início, uma vez que o sistema de raízes está ainda pouco desenvolvido e é mais frágil, mas também para percebermos qual o ritmo de rega ideal para as nossas plantas. Em pouco tempo, teremos noção das suas necessidades conjugadas com o clima, pelo que em fases de sol intenso será importante aumentar a frequência de visitas ao local e, por outro lado, semanas mais húmidas e com céu nublado, permitem-nos um maior espaçamento temporal entre visitas.

 

Atentando a todos estes parâmetros, sem descurar aquilo que já sabemos e faríamos com as plantas caso estas estivessem em nossa casa, poderemos chegar ao final do Verão e conseguir uma colheita abundante, que nos permita stock para o nosso consumo próprio durante vários meses. E claro, sem esquecer que no momento em que já for possível colher as plantas com um mínimo de maturidade, o que no caso das fotodependentes deverá ocorrer entre Setembro e Novembro, devemos estar muito atentos às previsões climatéricas, pois no caso de uma ameaça de chuvas fortes e prolongadas, é preferível colher imediatamente para evitar perder tudo para o bolor. 

 

Mesmo num local de particularidades ideais, com todos os cuidados e parâmetros adequados, no cultivo em guerrilha a sorte desempenha um papel fundamental. Além do perigo do bolor no final da floração, muitas vezes há que lidar também com animais, desde mamíferos a insectos, ou o próprio ser humano, que por adorarem a planta de canábis, a podem danificar ou até destruir.


 

Cultivo em Jardim Privado

 

Com muitas características semelhantes ao cultivo em guerrilha, particularmente no que aos parâmetros ideais de cultivo diz respeito, temos o cultivo em exterior em propriedade privada, para aqueles cultivadores que têm o privilégio de dispor de um espaço em exterior que ofereça boa exposição solar e privacidade, no local onde residem. Neste caso é importante decidir entre o cultivo diretamente no solo ou com vasos. Sempre que seja possível usar vasos de grande dimensão e, ao mesmo tempo, garantir que os mesmos não ficam expostos a sol directo, é preferível optar por essa via. Excepto em locais com boa terra “de horta” em que o cultivador queira tirar partido dessa vantagem.

 

Ao existir controlo total, ao contrário do que acontece no cultivo em guerrilha, não é necessário que a programação do cultivo seja tão rigorosa. Ainda assim, sabemos que se houver chuva e humidade no final da floração, as nossas plantas podem correr sérios riscos de problemas de bolor nas flores. Se cultivarmos em vaso e conseguirmos mover os vasos, temos a possibilidade de resguardar as plantas em espaço interior para as proteger de eventuais chuvas. Se na zona onde residimos é habitual que no mês de Setembro as noites já sejam frias e a chuva habitualmente marque presença, devemos optar por variedades mais Indicas, que terminem a floração tão cedo quanto possível. Ou por variedades autoflorescentes que, no caso do cultivo em exterior, oferecem a enorme vantagem de permitir ao cultivador decidir quando vai fazer a colheita das plantas. 

 

Com variedades autoflorescentes, o cultivador sabe que vai ter as plantas prontas para colher entre 7 e 10 semanas após a germinação das sementes. Desta forma, o cultivador pode decidir colher a meados de Agosto, com total segurança relativamente a humidades indesejadas. Basta para isso germinar as sementes no início de Junho. Além disso, garante que as suas plantas usufruem daquele que é o “melhor” sol do ano, ou seja, dias mais longos e solarengos. Há quem opte por cultivar algumas plantas autoflorescentes, para garantir uma primeira colheita durante o verão, e algumas plantas fotodependentes, com vista à colheita “de temporada”, no final do verão ou início do outono, geralmente mais produtivas mas com os supracitados riscos associados. Isto é igualmente verdade para o cultivo em guerrilha.

 

No cultivo em jardim privado a nossa melhor recomendação é a de proteger os vasos da luz solar, o que se pode fazer colocando placas de madeira em redor dos vasos, aglomerados de pedras, estruturas de plástico opaco, ou qualquer outra alternativa capaz de fazer sombra aos vasos e, ao mesmo tempo, absorver e dissipar o calor dos raios solares. Aconselhamos também os transplantes progressivos no caso das plantas fotodependentes. Após a germinação, aconselhamos a utilização de pequenos vasos (entre 200 ml e 500 ml), para passados 10 ou 15 dias transplantar para os vasos onde as plantas vão vegetar (entre 5 e 12 litros). Depois, a meados de Julho, quando sabemos que o início da floração está para breve, transplantamos então para os vasos finais que, em linhas gerais e apesar de depender do gosto e objectivo de cada cultivador, devem ser cerca de 5 vezes maiores que os vasos usados para o vegetativo. Assim, se as plantas estão em vasos de 10 litros, podemos usar vasos de 50 litros para a floração.


 

Cultivo em Varanda

 

No cultivo em varanda, ou terraço, devemos considerar muitos dos conselhos previamente mencionados tanto para o cultivo em guerrilha como para o cultivo em jardim privado, pelo que destacamos apenas dois cuidados importantes e partilhamos um conselho que ficou por partilhar e que também pode servir para o cultivo em jardim privado. O primeiro cuidado que temos a destacar é relativo às altas temperaturas que o pavimento de uma varanda pode alcançar em pleno verão. Mesmo que os vasos estejam devidamente protegidos dos raios solares, o pavimento tende a acumular bastante calor, que pode levar as raízes das nossas plantas a aquecer demasiado, danificando-as. Para evitar que isto aconteça, devemos elevar ligeiramente os vasos, colocando algo por baixo, idealmente uma estrutura tipo pallet de madeira ou algo semelhante que se possa improvisar.

 

O segundo cuidado, não menos importante, é o de considerar quaisquer focos de iluminação pública existentes nas imediações cuja luz possa chegar até às nossas plantas durante a fase noturna. No caso das plantas fotodependentes, é essencial que as plantas disponham de 12 horas diárias de escuridão total para que possam entrar em floração e completá-la com sucesso. Assim, se a varanda onde pensamos cultivar é iluminada durante a noite por luzes de iluminação pública, é preferível optarmos por plantas autoflorescentes, que entram e completam a fase de floração independentemente das horas de luz diária a que estão sujeitas. São plantas que, mesmo que estejam 24 horas debaixo de luz intensa, completam o seu ciclo de vida com total normalidade. Neste caso, se a iluminação pública chegar à varanda com bastante intensidade, acabamos até por beneficiar desses lúmenes, que servem de complemento à luz do sol e podem até ajudar a uma produtividade ligeiramente superior.

 

O conselho final que temos para partilhar e que serve para qualquer um destes tipos de cultivo em exterior e, até, para cultivos em interior, é o de regar com quantidades adequadas de água em cada etapa do cultivo. Quando as plantas são ainda pequenas, nos seus primeiros dias de vida, devemos regar com pouca água pois o seu sistema de raízes está ainda muito pouco desenvolvido. Se regarmos com demasiada água, o substrato ficará demasiado encharcado e a planta não terá capacidade para usar toda a água que tem disponível. Isto faz com que o substrato demore muito tempo a secar, o que não é desejável do ponto de vista da saúde das raízes, que também precisam de respirar. 

 

O ideal é regar a cada 2 ou 3 dias, ou mesmo todos os dias. Chama-se a isto respeitar o ciclo seco-molhado-seco, para garantir uma óptima oxigenação das raízes, essencial ao seu desenvolvimento. Consoante as plantas vão crescendo, o seu sistema de raízes vai-se desenvolvendo e poderemos então regar progressivamente com mais água. Mas no início é importante regar com pouca água e apenas junto ao caule da planta. Ficam as nossas dicas para um auto-cultivo em exterior com sucesso que possa garantir a auto-suficiência para os cultivadores de canábis que não têm condições para cultivar em interior durante todo o ano.



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