Os vários compostos com capacidades farmacológicas presentes na cannabis Sativa, como o THC, CBD, entre outros, interagem com o SEC, já identificado em mamíferos. Em 1988 foi identificado o primeiro receptor canabinóide extraído da planta, posteriormente denominado receptor endocanabinóide 1 (CB1) e em 1993, o segundo foi descoberto e designado receptor endocanabinóide 2 (CB2) (19.; 20.; 21.; 22. 23.).
O CBD foi isolado pela primeira vez da canábis em 1940, e a sua estrutura foi descrita em 1963 (24.). Os relatos sobre a capacidade do CBD em aliviar vários tipos de dores crónicas e não crónicas e a sua utilização para tratar convulsão febril, inflamação, ansiedade e náusea são conhecidos (25.). Estudos recentes mostraram que esses compostos são eficazes no tratamento do cancro da mama, outras formas de cancro e na modulação ou alívio dos sintomas de esquizofrenia, esclerose múltipla (EM), enxaqueca e reumatismo (26.).
Os recentes ensaios clínicos sobre CBD para convulsões (27.) e controle da dor (28.) apoiam as experiências clínicas relatadas por veterinários. O CBD produz efeitos biológicos no sistema nervoso central (SNC), mas não psicotrópicos, actuando no SNC sem produzir euforia (29.). O CBD possui capacidade anti-inflamatória, analgésica, ansiolítica, anti-emética, relaxante muscular, espasmolítico, sedativo, inibidor do crescimento tumoral e um efeito anticonvulsivante (30. 31.).
Até ao momento, os estudos com CBD obtido a partir da cannabis Sativa e utilizado em animais e humanos, não demonstrou efeitos adversos significativos ou problemas para a saúde (32.). Ingerido por via oral ou como um creme tópico, o CBD demonstrou ter efeitos analgésicos e anti-inflamatórios, agindo como um inibidor da ciclooxigenase (COX) e da lipoxigenase (LOX) (33.). Tem baixa afinidade para os dois subtipos principais de receptores CB1 e CB2, mas demonstrou funcionar principalmente através do GPR55, um receptor expresso sobretudo no núcleo caudado e no putâmen do cérebro (34.). Como outros canabinóides, o CBD é metabolizado principalmente pelo fígado e há consenso de que os níveis de bilirrubina e transaminases precisam ser monitorizados nos pacientes que recebem CBD, para avaliação da possível hepatotoxicidade (35.).
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Este artigo apresenta uma extensa Bibliografia Académica em torno da utilização da canábis em Medicina Veterinária.