A Kosmicare disponibiliza um serviço gratuito de drug checking (análise química de substâncias psicoactivas) no seu espaço em Lisboa. Ao permitir a análise da composição das substâncias que circulam nos mercados informais de drogas, este serviço permite prevenir alguns riscos e evitar alguns danos que resultam da falta de regulamentação destes mercados. Num contexto proibicionista, o drug checking é o único dispositivo que permite às pessoas que consomem drogas ter conhecimento sobre o real conteúdo das substâncias que adquiriram e protegerem-se de riscos resultantes da adulteração e incerteza em relação à composição/ potência/ dose das substâncias que pretendem consumir.
Neste momento, não temos nem ferramentas nem financiamento que nos permita testar a canábis que circula nos mercados informais para usos não-medicinais.
5 MOTIVOS PORQUE É IMPORTANTE ANALISAR CANÁBIS:
1. A canábis tem cada vez mais THC e a sua potência triplicou. O THC é o componente da canábis que provoca, além dos efeitos psicoactivos, sintomas mais indesejados como ansiedade, paranóia e alucinações.
2. Os canabinóides sintéticos já provocaram a morte de pelo menos 30 pessoas na Europa. Nos últimos anos, tem sido encontrada canábis contaminada com canabinóides sintéticos (substâncias da família do THC, produzidas em laboratório). Além das mortes, têm sido relatadas experiências psicologicamente muito intensas, do tipo psicótico, e outras intoxicações perigosas após o consumo de canabinóides sintéticos.
3. A Canábis é a droga ilícita mais consumida em Portugal. Portugal é o segundo país da Europa com maior taxa de consumo regular de canábis. É imperativo que as pessoas que consomem canábis tenham a possibilidade de aceder ao seu real conteúdo, por forma a prevenir potenciais danos para a sua saúde.
4. Testar canábis é uma forma de reduzir os riscos e promover a saúde das pessoas que a consomem. Para além de analisar as substâncias, o serviço de drug checking disponibiliza aconselhamento especializado e direccionado ao perfil de cada pessoa que usa o serviço onde são discutidas estratégias de redução de riscos, práticas de consumo mais seguras e, sempre que necessário, promovendo o encaminhamento da pessoa para outros serviços especializados.
5. Ninguém conhece a real composição da canábis que circula em Portugal. Como a canábis para fins não médicos não se encontra regulada, é urgente monitorizar os mercados informais. Testar canábis permitirá às pessoas que consomem, aos profissionais de saúde e às entidades governamentais ter acesso a informação importante em tempo real.