“Fui à boleia com a minha filha para a Índia. Na altura ela tinha três anos”
Nasceu em Liverpool em 1944 mas desde cedo se tornou uma viajante. Fumou o primeiro charro aos 20 anos e, como não havia canábis, fumou haxixe, que é o que continua a fumar, há mais de 50 anos. Pelo caminho, criou várias máquinas para separar tricomas e não foi à toa que ficou conhecida como “a rainha do hash”.
Falámos com Mila Jansen, para saber como tudo aconteceu na sua longa vida dedicada à canábis e como funcionam os sistemas para extrair haxixe que criou: Pollinator, Ice-o-lator e Bubbleator.
A Mila tem 79 anos e é conhecida mundialmente como a Rainha do Hash, pois foi uma pioneira desta cultura. Pode contar-nos um pouco mais sobre si?
Nasci em Liverpool, então, sou uma “Scouser”, como dizem os ingleses, mas antes de ter um ano mudei-me com os meus pais para a Indonésia e depois Holanda, aos 11 anos. Aos 19 engravidei e o meu pai expulsou-me. Fui parar a um lar para mães solteiras e, naquela época, eles queriam que se dessem os filhos para adopção. Tinha um psiquiatra e um psicólogo a dizer que a minha vida estava arruinada, que a minha filha nunca seria feliz, mas eu estava muito determinada. Eu podia fazer melhor, porque do outro lado do meu quarto ficava a sala de adopção. Não se podia entrar lá, mas eu costumava pegar nos bebés só para os acariciar. E eles eram como tábuas, não conseguiam reagir a abraços, eram como bonecos rígidos. Fiquei chocada e pensei: “a minha filha nunca vai ser assim”. Então, mantive-a comigo.
Claro, foi o instinto maternal.
Sim. Na altura, abri uma boutique em Amsterdão, a primeira que vendeu mini-saias, em 1965. Eram muito populares e eu tinha um designer fantástico, incrivelmente criativo. Tínhamos roupas lindas, mas ele decidiu que queria trabalhar na indústria cinematográfica italiana e foi embora. Essa foi também a altura de Timothy Leary, então mudámos para uma casa de chá e servimos chá (risos). O dinheiro não era importante. Comecei a fumar haxixe e a casa de chá tornou-se um ponto de encontro para viajantes que traziam haxixe. Muitas pessoas pensam que foi o primeiro coffee-shop, mas não é verdade, porque nunca vendemos. Nós apenas partilhávamos, nunca vendemos nada. Mas mesmo assim, a polícia não gostou e tentou criar problemas. Então, acabei por me livrar da casa de chá e fui à boleia com a minha filha para a Índia. Na altura ela tinha três anos.
Entrevista completa na Cannadouro Magazine Nº11, Edição de Outono, agora nas bancas e nos pontos de venda online.