Kannabeira, uma história de paixão e resiliência
“Este é um projecto impossível… nós não somos pessoas normais!”
Ao contrário de outras empresas da área, que habitualmente contam com o capital necessário para assegurar a implementação e o início das operações, a Kannabeira ergueu-se do nada, graças ao trabalho, à resiliência e à “loucura” dos membros fundadores, funcionários e investidores, que não só acreditaram no projeto como conseguiram ultrapassar inúmeros contratempos – incluindo uma pandemia.
Sediada no Fundão, Castelo Branco, a Kannabeira é uma empresa licenciada pelo Infarmed para a produção de canábis medicinal que irá começar a operar em breve, após um processo de quase cinco anos, que passou por várias fases e várias rondas de investimento: primeiro para comprar os terrenos, depois para construir as estufas, obter as licenças e fazer os primeiros testes. Como nos contou José Maraver, sócio fundador, junto com a sua companheira Alba Bosch, isto só foi possível porque o que os move não são os lucros, mas a vontade de “trazer esta planta ao mundo”. E tudo começou numa feira Cannadouro…
Hola José, ouvimos dizer que a semente da Kannabeira germinou na primeira edição da Cannadouro, é verdade?
¡Hola! Sim, é verdade. A Kannabeira teve a sua germinação na edição inaugural da Cannadouro. Foi um momento muito emocionante e marcante para nós, porque foi o ponto de partida para a nossa jornada na indústria da canábis medicinal em Portugal.
Mas como é que isso aconteceu? Conta…
Eu acompanhava o desenvolvimento da indústria em Portugal, que por volta de 2017 ainda não tinha quase nada. Então decidimos fazer uma viagem à feira do Porto para entender o que havia no terreno. Aí conhecemos a Joana Canêdo, o João [Carvalho], a Laura [Ramos] e vi que havia montes de pessoas no activismo, que queriam trazer a mudança. Nas palestras ouvia-se falar da legalização da canábis medicinal e, depois de ver tudo isso, foi um impulso.
Sempre quiseste fazer alguma coisa ligada à canábis medicinal ou qual era a ideia inicial?
Eu sempre quis trabalhar com canábis. Viajei pela Europa e América à procura de uma indústria legal de canábis, mas eu queria algo tranquilo. Quando chegámos a Portugal, que já era pioneiro [da descriminalização] desde 2021, vimos que tinha um movimento associativo interessante com a [associação] Cannativa e o Dinis [Dias], com o governo disposto a regular a indústria. Isto fez com que fosse o sítio perfeito.
Tu vens da canábis recreativa, certo?
Sim, venho do mundo da canábis recreativa, como consumidor e como cultivador. Essa experiência proporcionou-me uma compreensão profunda da planta e foi o que me despertou interesse para o potencial terapêutico.
Entrevista completa na Cannadouro Magazine Nº11, Edição de Outono, agora nas bancas e nos pontos de venda online.